sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A parada de Angra I


Usina nuclear Angra 1

A usina nuclear Angra 1 foi desligada do Sistema Interligado Nacional no último Sábado, 05 de Janeiro, para reabastecimento, troca da tampa do reator e inspeção e manutenção de equipamentos e componentes.

Angra 1, inaugurada em 1975, produz 640 megawatts (MW) de energia, o que corresponde a cerca de 1% da geração nacional. Embora em meio ao problema dos baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas, o desligamento da usina de Angra 1 já havia sido previamente acordado com o Operador Nacional do Sistema.

Paradas programadas como esta acontecem a cada 12 meses, aproximadamente, e duram cerca de 35 dias. Esta parada, no entanto, será mais longa que o normal - a previsão é de 56 dias - devido à troca da tampa do reator.


TROCA DA TAMPA DO REATOR

A tampa serve para fechar o vaso do reator (dentro do qual ficam os elementos combustíveis) e é uma das barreiras contra a liberação de radiação para fora do reator. É uma peça grande (cerca de 3 metros e meio de diâmetro interno) e pesada (40 toneladas), feita de uma liga metálica muito usada na década de1970: o Inconel 600. Sabe-se hoje, no entanto, que essa liga pode sofrer corrosão sob tensão e, para evitar problemas no longo prazo, a Eletronuclear resolveu fazer a troca preventiva da tampa. A animação a seguir explica como será feita essa troca.


 
REABASTECIMENTO DO COMBUSTÍVEL

As paradas programadas da usina são importantes para, dentre outras coisas, aproveitar melhor o combustível nuclear. Em cada recarga, troca-se cerca de um terço dos elementos combustíveis do vaso do reator: Angra 1 tem 121 elementos combustíveis dos quais 40 serão substituídos por novos.

Isso porque dentro do reator nuclear, o combustível "queima" de forma desigual: os elementos combustíveis localizados no centro do reator sofrem mais fissões (ou seja, "queimam" mais) que os elementos da periferia do núcleo. É por isso que trocando-se uma parte dos combustíveis queimados por novos e remanejando os demais, consegue-se aproveitar mais o combustível que não "queimou" tudo o que podia ainda.

O combustível trocado é transferido para a piscina de combustível usado localizada no prédio do próprio reator. O vídeo a seguir mostra como é feita a troca do combustível de Angra 1.






CUSTOS E MÃO-DE-OBRA

O custo das paradas da usina Angra 1, correspondente às despesas com pessoal, serviços contratados, equipamentos substituídos e número de dias de paralisação, varia dependendo dos serviços específicos programados para cada uma delas. Segundo a Eletronuclear, os valores das cinco últimas paradas de Angra 1 foram da ordem de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões (sem contar a recarga de combustível). Já para a troca da tampa do reator nesse ano, o valor total do investimento é de US$ 27 milhões, englobando a aquisição e a instalação da tampa nova e o armazenamento da antiga.

Foram contratadas firmas nacionais e estrangeiras que irão disponibilizar trabalhadores temporários para dar suporte aos profissionais da Eletronuclear. Durante a fase crítica do projeto, até 1.500 trabalhadores estarão envolvidos na realização das atividades planejadas para o período.


Para saber mais

Eletrobras Eletronuclear inicia operação de substituição da tampa do reator de Angra 1


Posts relacionados

Brasil completa 30 anos de uso da energia nuclear com avanços tecnológicos e críticas

Usinas de Angra batem recorde de geração em 2011

Um pouco de fissão nuclear

Como funcionam os reatores nucleares?